Casa
“Está-se “em casa”. Está-se em casa debaixo do céu. Está-se em casa em qualquer parte da terra, se se trouxer tudo dentro de si próprio. (…) Temos de ser a nossa própria pátria. (Etty Hillesum)
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Para quem é sempre um estrangeiro, a palavra casa assume um sabor peculiar.
Para mim, casa são as rochas desmoronadas no fundo da falesia.
Quando entro nas profundezas desse ventre feito de centenas de milhões de anos de pedra e mar, despojo-me de tudo o que não é necessário, volto a entrar em mim. Estou nua. Livre.
Torno-me elemento.
Entre os vestígios deslizados da falesia , a destruição é o renascimento.
O “eu” que encontro é mais profundo do que um “eu” que diz “eu”.
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Casa como estado de espírito.
Diferença entre homeless e houseless.
“As casas são apenas uma forma alargada e aumentada daquilo que começamos a fazer ao respirar e abrir os olhos assim que nascemos: construir intimidade, assimilarmo-nos ao que nos é próximo, amar e suavizar o que tocamos de tal forma que se torna a nossa pele. Temos de falar de ‘construção’, porque a intimidade, mesmo a intimidade connosco, não é um dado adquirido, mas um artifício.”
Excerpt From: Emanuele Coccia. “Filosofia della casa”. Apple Books.
“Nature is not a place to visit. It is home.” (Gary Snyder)