Sagrado
O sentimento do sagrado surge na relação dos povos antigos com o seu além natural – a alternância cíclica do sol e da lua, a alteridade poderosa do céu e do mar, a metamorfose contínua das formas de uma terra que acolhe e transforma perpetuamente. É na presença das manifestações misteriosas da Natureza que o homem toma consciência, ao mesmo tempo, do Limite e da Transcendência, do Eu e do Outro para além do Eu.
O temenos – o espaço de experiência do sagrado – do ponto de vista simbólico e psicológico é uma zona de fronteira: uma porta e um limiar que separa e, ao mesmo tempo, une o homem ao que o transcende e ultrapassa a sua capacidade de compreensão. Mas também um lugar de contacto da razão com o seu inconsciente, instintivo, arquetípico e emocional noutro lugar.
Falar hoje do sagrado é um ato de protesto. De certa forma, e uma heresia.
O corpo é o contentor do sagrado (Santo Graal)