Jogo
O jogo sai da lógica do útil. Como a oração, como o gesto sagrado, não tem um fim prático.
O jogo (como a arte, como o sagrado) dá ao objeto comum um novo valor: uma vassoura torna-se cavalo. O vinho torna-se sangue. A terra torna-se corpo.
O jogo opera num “outro” mundo, separado do contexto da vida quotidiana, tal como o ritual sagrado, tal como a arte. A condição necessária para que haja jogo (e sagrado, e arte) é que o tempo e o espaço em que se opera se tornem diferentes de si próprios: imersão num mundo de limiar (sub – limen…) cuja fronteira deve ser protegida (assim, a criança que brinca diz “eu era o rei…”, o uso do imperfeito marca a fronteira entre o mundo do quotidiano e o mundo dos símbolos.